segunda-feira, 25 de maio de 2009

MARGENS . FÁTIMA PINTO

"CASA DA CERCA" EM ALMADA ... SÓ A PARTIR DE 30 DE MAIO... Mas aceitam-se comentários desde já...

domingo, 24 de maio de 2009

TENTATIVA DE LEITURA…III


António J. Branco : Toque de Siêncio, ed. Palimage, Coimbra, 2009,pág 274:



“O final é coisa que não existe, o final só acontece quando deixamos este mundo, até lá é tudo período de transição. Quer a gente quer queira quer não, temos de continuar a deslizar e a sobreviver no dia-a-dia, sejamos quem formos e estejamos onde estivermos, cada um de nós tem um papel a cumprir, acha que o seu é terminar abruptamente a sua carreira, acabar sem chegar ao fim, ficará sempre na dúvida sobre o que lhe poderia ter acontecido nos anos que ainda lhe restam de actividade plena.
Cinco anos é muito tempo, ora gaita, você nunca foi homem para desistir!
Desistir, nem pensar, era a última coisa que faria naquele momento, ainda que fosse decisão da qual nunca sentiria vergonha. Podia ser vencido, como aliás já tinha sido algumas vezes, mas nunca por desistência, nunca antes de se certificar de que tinha esgotado todas as hipóteses; reais ou imaginárias. O real conduz o homem, o imaginário alimenta o sonho, um homem imaginário é um sonhador, um homem real é apenas isso, mas ele não era homem de apenas, era homem de tudo ou de nada.”
TENTATIVA DE LEITURA…II


Emília Ferreira, Cartografia Íntima, ed. Difel, Lisboa, 2009, pág. 35:


“Tudo levamos à boca, quando nascemos. Como se quiséssemos apurar o mundo, confirmar os sabores que nos saltearam no ventre materno. Depois, o corpo dos amantes, levado aos lábios e à língua e à sede como uma água que salva, como um sal que nos segura. Depois, passamos a escolher. Apuramos o gosto. Deixamos de aceitar tudo. Ficamos selectivos. Judicativos. O que não agrada ao paladar não convence. Não apela à compreensão nem ao coração. O cérebro comanda mas não manda.
Aprendemos pouco na vida afinal. Os sentidos enganam-nos, é certo, criam no nosso cérebro ilusões que poucas vezes interrogamos com sinceridade. Sabemos perfeitamente que, no escuro, as coisas não mudam de ser, embora se altere a sua aparência, se apaguem as cores e atenuem as texturas, confundam os volumes. Mas queremos mesmo saber o que essa aparência nos faz? Os sentidos apelam a nós e fazem fervilhar a imaginação. Acusamos o corpo mas é a cabeça que trabalha tantas vezes contra nós, complicando o que encontramos pelo caminho, o que sentimos no mundo, o que nele desejamos
.”
TENTATIVA DE LEITURA…I

Sara Monteiro: Cartas de uma Mãe à sua Filha, ed. Caminho, Lisboa, 2009, pág. 107:

“Filha amada:

Quando o vento bate nas árvores penso em ti.
Quando o vento bate nas árvores o teu rosto desenha-se
em todo o lado. O teu rosto está em todo o mundo
quando o vento bate nas árvores. Minha linda.
Escrevi isto para ti. É uma espécie de poema, mas
está em prosa. Gostavas mais que estivesse em poema? Se eu puser em poema, tu voltas?

Quando o vento bate

Nas árvores penso em ti.

Quando o vento bate

Nas árvores o teu rosto desenha-se em todo

O lado

O teu rosto está no mundo quando o vento bate

nas árvores.

Minha linda.”

domingo, 17 de maio de 2009

AINDA O 25 DE ABRIL... DE 2009 (no Jardim de S. Pedro de Alcântara)!



Alguns e algumas dos que aparecem na fotografia (provavelmente todos) e outros que subiram ao palco incluídos noutras bandas, passaram as suas primeiras doze ou treze comemorações do 25 de Abril a descer a Avenida da Liberdade a partir das 15 horas sob a condição de, no final, saborearem um gelado! Enquanto este chegava e não chegava entretinham-se a desfolhar os cravos que o pai lhes punha na mão, a rodear a chaimite que encabeça sempre a manifestação (qual brinquedo gigante que se costuma ver nos filmes), a observar, de cansaço, grupos de pessoas que teimam em gritar coisas do tipo “somos muitos, muitos mil a continuar Abril!”. Nos últimos anos já nem a promessa de dois gelados os convencia a passear ao (frequente e às vezes forte) sol da avenida!
As crianças cresceram, desenvolveram interesses, harmonizaram vozes e guitarras e aí estão eles não em cima de uma chaimite mas de um palco a gritar, antes de iniciarem o “concerto”, coisas do tipo “mãe, estou aqui!”. Claro que estavam lá as mães, os pais, os irmãos, os tios, os amigos, digamos quase o mundo inteiro! Os jovens cantores devem ter-se lembrado da história antiga deste dia porque a meio de uma música gritavam “o povo unido jamais será vencido!”. E não faltaram os cravos lançados para o palco (pela organização, claro, não pela vendedora de flores que colocou os cravos nas espingardas dos militares!).
Em suma: as revoluções têm muitas ocasiões, muitas circunstâncias, muitos actores. E para que conste, aqui ficam alguns nomes por ordem alfabética: o João (na Guitarra), a Júlia (na bateria), o Lourenço (no baixo mas que não aparece na fotografia), o Marcelo (na guitarra e na voz), a Maria (na guitarra por detrás do apresentador à esquerda), o Pedro (no teclado e na voz).

17/05/08, 11h 55m.

domingo, 10 de maio de 2009


NOTAS SOLTAS:


1) Só pelo prazer que tive com a leitura dos textos do José Madureira já dou por bem empregue o tempo (que, aliás, não foi muito) que levei a pensar o que é que poderia fazer para proporcionar um espaço de apresentação de ideias e de conversa sobre as coisas deste mundo (e, por que não, do outro?);

2) Alguém disse aqui que “Há plantas que ao regá-las acabamos por afogá-las”. Pelos vistos, digo eu, é uma lei da agricultura, isto é, da natureza. Portanto o problema não está nas plantas mas no “hortelão”. Só que este deve ter “afogado” algumas plantas para aprender a lei. Como dizia o outro, é a vida! E, já agora, não convém concentrar a atenção na palavra “afogar” mas nas palavras “plantas” e “regar”. Por uma questão de “energia positiva”!

3) No Discurso do Sr. Presidente da República na 35ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República podemos ler o seguinte: “O exercício do sufrágio é, sem dúvida, a melhor homenagem que poderemos prestar à liberdade conquistada há 35 anos”.
Não concordo. Votar, mesmo que seja por três vezes em três meses, não pode ser considerado “a melhor homenagem ao 25 de Abril”. A melhor homenagem é, do meu ponto de vista, a melhoria das condições de vida de todos, em particular, dos mais desfavorecidos e dos mais jovens. E para isso é preciso participar com regularidade na vida associativa seja ela partidária, cultural, artística, sindical, etc. E pergunto ao Sr. Presidente: O que é que “ouvir as organizações da juventude” como fez ao longo deste ano contribuiu para estimular os jovens a intervir politicamente? Pensa que a política educativa dos últimos anos tem contribuído para estimular essa intervenção? As associações de estudantes, de trabalhadores, de sindicatos, etc. têm tido um papel activo na vida política? O código de trabalho ajuda nesse sentido? Se não, porquê?
Destaco para terminar esta nota uma outra passagem do discurso: "Quem critica, deve participar. É cómodo ficar de fora e culpabilizar os agentes políticos ou os agentes económicos. Difícil é fazer um esforço de empenhamento activo na vida cívica, contribuindo para o esclarecimento e para o debate e procurando avaliar com discernimento as diferentes propostas de governação". Aparentemente muitos concordam com estas ideias; só que não sei bem a quem se dirigia o Sr. Presidente. Muitos políticos “não fazem esse esforço” limitando-se a assinar o ponto na Assembleia ou nos Partidos e a esperar pela próxima eleição. A abstenção, contrariamente ao que diz o Sr. Presidente, também pode ser um sinal de protesto contra uma certa forma geral de fazer política.

4) Confesso que não tenho posição sobre a nova lei de financiamento dos partidos. Não a conheço em pormenor e, além disso, se a oposição votou a favor deve ter considerado que não seria muito má e dou-lhes o benefício da dúvida. Por isso não subscrevo o juízo desfavorável que José Madureira (e muita gente) faz a esta lei.

5) A questão central para mim é esta: a partir de Junho vamos ter três eleições: europeias, autárquicas e legislativas. Quanto às europeias ponho para já as seguintes questões: qual é a necessidade destas eleições? Por que razão não se cria na Assembleia da República um conjunto de deputados que representariam Portugal na Europa?

6) Quanto às legislativas: diz-se frequentemente nos círculos do centro-esquerda que não há alternativa ao Partido Socialista. Eu continuo a pensar que o Partido Socialista é o principal partido do centro-esquerda e que o centro-esquerda pode criar a melhor dinâmica de governação. Mas penso também que se o actual Partido Socialista não obtiver a maioria clara tal se deve em grande parte a algumas medidas de política educativa e a uma atitude demasiado apoiada (às vezes arrogante) na maioria absoluta. O PS só discutiu a sério a política educativa com os seus próprios militantes depois de duas manifestações de mais de 100 mil pessoas! Dizer que não há alternativas à situação que se vive é uma afirmação destituída de fundamento: qual era a alternativa que se pensava existir em 2005? Era muito provável que Sócrates iria ter a maioria absoluta? Não creio. As alternativas são, muitas vezes, imprevisíveis. Lembram-se de um político que foi à Figueira da Foz fazer a rodagem ao carro e veio de lá Presidente de um Partido? E veio, mais tarde, a ter maioria absoluta? Se o Partido Socialista não tiver maioria absoluta será obrigado a dialogar mais, o que, como se sabe, desde, pelo menos, Sócrates, o Grego, não é fácil e exige algum trabalho.

7) Quanto às autárquicas: reconheço que nas lutas pelo poder nas instituições locais intervêm factores partidários, interesses económicos e relações pessoais de tal forma intrincadas que em muitas autarquias as previsões vão contra toda a lógica académica!

8) Gostaria de me referir a outros temas: musicais, literários, científicos, religiosos, etc. Tentarei fazê-lo noutra ocasião.

9) Duas notas finais muito breves:
I- Que se pode dizer e fazer por alguém que, de repente, se encontra numa situação de doença muito grave?
II – Quando a morte chega aos 22 anos, como aconteceu com a Maria Ana, não nos resta senão estar presentes e pensar que “os problemas de hoje não são tão diferentes como os de há 35 (mil ou milhões) de anos”.


09/05/2009 01h 50m

sábado, 9 de maio de 2009

JOSÉ CARLOS MADUREIRA responde ao comentário do (da?) "Caruma":


Confesso ter uma predilecção particular por metáforas agrícolas. O meu sonho é mesmo ser hortelão. Isso explica porventura o facto de ter feito a associação entre a democracia e uma planta. De qualquer modo, no nosso universo político pós 25 de Abril, a referida associação impõe-se, sobretudo se tomarmos em consideração a mitologia inerente à “revolução dos cravos”, que eu, por imperativos ideológicos, não me permito renegar. Dito isto, convém esclarecer um pormenor importante. Considero as conquistas de Abril um bem precioso, um tesouro mesmo, mas não uma relíquia. Não tenho por ele uma atitude de veneração religiosa, nenhuma hagiolatria determina a minha crença em relação aos ideais de liberdade e igualdade que, estou convicto, constituem, hoje e sempre, o mais nobre programa político – o da democracia. E esse, creio, é o bem precioso que Abril nos legou. Sei bem que os problemas de hoje não são os de ontem. Sei também que não se pode olhar a democracia como Orfeu olhou Eurydice. Daí o meu apelo à revolução democrática e – num arremedo kantiano – à urgência de uma crítica da razão democrática. Por esta entendo um aprofundamento do programa democrático, que só pode passar pela renovação da cidadania. Isso pressupõe uma mais forte participação de todos nós nos assuntos públicos, não permitindo que sejam os políticos profissionais e os aparelhos partidários apenas a decidir o que é o bem comum.Nota Breve. Os partidos políticos, na Assembleia, votaram, por unanimidade, a nova lei do financiamento dos partidos. O acordo, quando se tratou de salvaguardar os seus interesses, não sofreu contestação de nenhum quadrante. Governo e oposição uniram-se em bloco para garantir o seu “sustento”, e a sustentação de uma política há muito refém da democracia partidária. Em nenhum outro momento, nos últimos tempos, sucedeu algo semelhante. Mesmo quando era o interesse comum e o bem público que estavam em jogo. Os debates e as decisões sobre questões de política educativa, de política de saúde ou de política económica pautaram-se sempre por discordâncias violentas e acesas polémicas. Nunca consenso. Isso prova que não é em prol do interesse comum e do bem público que os partidos políticos, hoje por hoje, se movem. Prova também que a revolução democrática a fazer se justifica. Revolução que visa ir para além da redutora democracia partidária, abrindo espaços de participação política para o cidadão comum. Para isso é necessário devolver ao cidadão as razões da sua politização. Entendo, por conseguinte, que não se trata de olhar para o passado, mas sim projectar a realização do programa da democracia no futuro que, como sabemos, nos pertence por direito próprio. Os meus cumprimentos ao “Caruma”, ao Manuel Beirão, e o meu sincero agradecimento por me terem “obrigado” a escrever uma vez mais sobre o assunto.

José Carlos Madureira

8 de Maio de 2009 6:10

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"CARUMA" comentou o comentário de José Carlos Madureira e disse...

Há plantas que ao regá-las acabamos por afogá-las. Os problemas de hoje são bem diferentes dos
de há 35 anos. Não vale a pena continuar a olhar para trás: Eurydice nunca esteve no lugar em que Orpheu a imaginou.

7 de Maio de 2009 10:46

domingo, 3 de maio de 2009

Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, in "Os Amantes Sem Dinheiro"


“Ser mãe é a mais forte ligação à vida que se pode ter, por um lado, e a maior experiência de desapego que se tem que fazer, por outro.” (Joana, mãe de quatro filhos).


PALAVRAS DECISIVAS… DO BISPO DE VISEU, D. ILÍDIO LEANDRO:






D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, defendeu, há poucos dias, o uso do preservativo pelas pessoas portadoras do vírus da Sida. Mantém tudo o que escreveu anteriormente e vai mais além ao defender o divórcio nos casamentos em que um dos cônjuges é vítima de violência doméstica.
Esta reacção suscitou uma polémica com o Vaticano que, através do director da sua sala de imprensa, Frederico Lombardi, afirmou, de acordo com o Diário de Notícias, que "o assunto é muito delicado, pelo que os comentários terão de ser feitos pelas autoridades competentes, de um modo mais correcto, e na sede apropriada".


Durante uma conferência sobre pobreza, em Abril passado, D. Ilídio Leandro realçou que enquanto muitos portugueses não têm dinheiro para sobreviver, há muitos gestores a receber vencimentos "volumosos" e ainda ganham "prémios e luvas". E instou os administradores, públicos ou privados, a reporem o dinheiro que possam receber em excesso, muitas vezes "usado em benefício próprio". A riqueza de uns não pode ser "a sombra" de outros, afirmou.


É preciso comentários a estas palavras? Independentemente, ou melhor, a partir das crenças religiosas (naturais e razoáveis) e até mesmo das convicções políticas (racionais e justas), o que é que se deve fazer perante situações destas? Talvez nos possam servir de guia palavras que têm sido proferidas por mulheres e homens de bom senso: “Prefiro não ser crente a ser fanático”; “Prefiro ser pobre do que ostentar a riqueza mesmo que esta seja obtida por todos os meios legais”.

COMENTÁRIO DO JOSÉ CARLOS MADUREIRA À "NOTA DE ABERTURA":


Como tu dizes, este é um ano decisivo. Um ano de decisões e, por conseguinte, de oportunidades. Sobretudo oportunidades de participar na mudança que, espero, se avizinha. Sejamos, pois, protagonistas da mudança. Protagonistas menores, mas ainda assim protagonistas. Façamos de conta que este é o patamar originário de um futuro melhor a construir, ou, como dizia o Sérgio Godinho: "o primeiro dia do resto da tua vida". Vivemos tempos de crise, não só económica. Porque somos modernos, não poderia ser de outro modo, uma vez que a crise é o rosto visível da modernidade que nos cabe cumprir. Mas não se pode falar de crise sem falar de crítica. São como dois bois aparelhados para levar para diante a mesma demanda. Só uma postura crítica fará da crise o combustível da mudança desejada.Em termos cidadania, não nos resta outra alternativa válida que não seja a de nos assumirmos como "animais políticos". Não se trata de apenas de relembrar o velho Aristóteles. Trata-se, antes do mais, de não enjeitarmos a oportunidade de cumprirmos a humanidade plena que nos percorre a existência. Sejamos por isso mesmo políticos, não nos esquecendo que a política é, acima de tudo, a arte de inventar o futuro - o nosso e o dos nossos filhos. Reneguemos pois o argumento da inevitabilidade, tantas vezes usado para nos passar um atestado de menoridade intelectual e política.Se existe alguma nota fundamental que componha o projecto da modernidade, ela não pode ser outra senão a revolução democrática. A democracia, ainda que se lance as suas raízes em solo grego, tem na modernidade a atmosfera propícia para o seu desenvolvimento. No entanto, também hoje o programa democrático - que não é outro que não seja o da realização dos ideias da liberdade e da igualdade - está em crise. É imperioso que procedamos a uma crítica da razão democrática. Esta crítica torna possível duas coisas: evidenciar as condições de possibilidade do exercício democrático, por um lado, e radicalizar a democracia, por outro. O que se pretende, com isso, não é contribuir para a descredibilização da democracia, mas tão somente cuidar dela como o mais precioso dos bens que, para nós portugueses, o 25 de Abril conquistou. Tal como uma planta, ou a alimentamos ou morre.A propósito da reflexão política, aponto duas sugestões de leitura:1) "A incompetência democrática", Philippe Breton, Edições Loyola, 2008 (o original é de 2006).2) "O regresso do político", Chantal Mouffe, Gradiva, 1996 (o original é de 1993). José Carlos Madureira
3 de Maio de 2009 7:54

sexta-feira, 1 de maio de 2009

HOMENS, SOLDADOS E GUERRAS?
EM ABRIL? EM MAIO?





A autora deste retrato chamou-lhe "soldadinho de espuma". As palavras ajustam-se à figura: a roupa farfalhuda, o boné descaído, os olhos semi-cerrados sugerem uma fragilidade e uma tristeza que contrastam com os soldados de Abril!

Mas este pode ter sido também, posteriormente, um soldado de Abril! Não convém esquecer que os jovens portugueses foram obrigados a participar, a partir de 1961, directamente na guerra que Portugal manteve em África até 1974! Este era o rosto de muitos jovens portugueses quando sabiam que era a guerra que os esperava! E é o rosto de muito jovens que ainda hoje sabem que é a guerra que os espera!

Este rosto poderá transformar-se no rosto da liberdade! Mas para isso vai ser preciso uma certa consciência e alguma coragem de muitos soldados, de muitos homens, de muitas mulheres, não de espuma mas de carne! Foi isso que aconteceu com os soldados de Abril de 74, em Portugal! É isso que é preciso que volte a acontecer com os jovens, os homens e as mulheres de cada dia que passa!