domingo, 10 de maio de 2009


NOTAS SOLTAS:


1) Só pelo prazer que tive com a leitura dos textos do José Madureira já dou por bem empregue o tempo (que, aliás, não foi muito) que levei a pensar o que é que poderia fazer para proporcionar um espaço de apresentação de ideias e de conversa sobre as coisas deste mundo (e, por que não, do outro?);

2) Alguém disse aqui que “Há plantas que ao regá-las acabamos por afogá-las”. Pelos vistos, digo eu, é uma lei da agricultura, isto é, da natureza. Portanto o problema não está nas plantas mas no “hortelão”. Só que este deve ter “afogado” algumas plantas para aprender a lei. Como dizia o outro, é a vida! E, já agora, não convém concentrar a atenção na palavra “afogar” mas nas palavras “plantas” e “regar”. Por uma questão de “energia positiva”!

3) No Discurso do Sr. Presidente da República na 35ª Sessão Comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República podemos ler o seguinte: “O exercício do sufrágio é, sem dúvida, a melhor homenagem que poderemos prestar à liberdade conquistada há 35 anos”.
Não concordo. Votar, mesmo que seja por três vezes em três meses, não pode ser considerado “a melhor homenagem ao 25 de Abril”. A melhor homenagem é, do meu ponto de vista, a melhoria das condições de vida de todos, em particular, dos mais desfavorecidos e dos mais jovens. E para isso é preciso participar com regularidade na vida associativa seja ela partidária, cultural, artística, sindical, etc. E pergunto ao Sr. Presidente: O que é que “ouvir as organizações da juventude” como fez ao longo deste ano contribuiu para estimular os jovens a intervir politicamente? Pensa que a política educativa dos últimos anos tem contribuído para estimular essa intervenção? As associações de estudantes, de trabalhadores, de sindicatos, etc. têm tido um papel activo na vida política? O código de trabalho ajuda nesse sentido? Se não, porquê?
Destaco para terminar esta nota uma outra passagem do discurso: "Quem critica, deve participar. É cómodo ficar de fora e culpabilizar os agentes políticos ou os agentes económicos. Difícil é fazer um esforço de empenhamento activo na vida cívica, contribuindo para o esclarecimento e para o debate e procurando avaliar com discernimento as diferentes propostas de governação". Aparentemente muitos concordam com estas ideias; só que não sei bem a quem se dirigia o Sr. Presidente. Muitos políticos “não fazem esse esforço” limitando-se a assinar o ponto na Assembleia ou nos Partidos e a esperar pela próxima eleição. A abstenção, contrariamente ao que diz o Sr. Presidente, também pode ser um sinal de protesto contra uma certa forma geral de fazer política.

4) Confesso que não tenho posição sobre a nova lei de financiamento dos partidos. Não a conheço em pormenor e, além disso, se a oposição votou a favor deve ter considerado que não seria muito má e dou-lhes o benefício da dúvida. Por isso não subscrevo o juízo desfavorável que José Madureira (e muita gente) faz a esta lei.

5) A questão central para mim é esta: a partir de Junho vamos ter três eleições: europeias, autárquicas e legislativas. Quanto às europeias ponho para já as seguintes questões: qual é a necessidade destas eleições? Por que razão não se cria na Assembleia da República um conjunto de deputados que representariam Portugal na Europa?

6) Quanto às legislativas: diz-se frequentemente nos círculos do centro-esquerda que não há alternativa ao Partido Socialista. Eu continuo a pensar que o Partido Socialista é o principal partido do centro-esquerda e que o centro-esquerda pode criar a melhor dinâmica de governação. Mas penso também que se o actual Partido Socialista não obtiver a maioria clara tal se deve em grande parte a algumas medidas de política educativa e a uma atitude demasiado apoiada (às vezes arrogante) na maioria absoluta. O PS só discutiu a sério a política educativa com os seus próprios militantes depois de duas manifestações de mais de 100 mil pessoas! Dizer que não há alternativas à situação que se vive é uma afirmação destituída de fundamento: qual era a alternativa que se pensava existir em 2005? Era muito provável que Sócrates iria ter a maioria absoluta? Não creio. As alternativas são, muitas vezes, imprevisíveis. Lembram-se de um político que foi à Figueira da Foz fazer a rodagem ao carro e veio de lá Presidente de um Partido? E veio, mais tarde, a ter maioria absoluta? Se o Partido Socialista não tiver maioria absoluta será obrigado a dialogar mais, o que, como se sabe, desde, pelo menos, Sócrates, o Grego, não é fácil e exige algum trabalho.

7) Quanto às autárquicas: reconheço que nas lutas pelo poder nas instituições locais intervêm factores partidários, interesses económicos e relações pessoais de tal forma intrincadas que em muitas autarquias as previsões vão contra toda a lógica académica!

8) Gostaria de me referir a outros temas: musicais, literários, científicos, religiosos, etc. Tentarei fazê-lo noutra ocasião.

9) Duas notas finais muito breves:
I- Que se pode dizer e fazer por alguém que, de repente, se encontra numa situação de doença muito grave?
II – Quando a morte chega aos 22 anos, como aconteceu com a Maria Ana, não nos resta senão estar presentes e pensar que “os problemas de hoje não são tão diferentes como os de há 35 (mil ou milhões) de anos”.


09/05/2009 01h 50m

1 comentário:

  1. Caruma não duvida da responsabilidade do agricultor. Mas este também sabe que quando o terreno é inóspito, não vale a pena insistir.Quando os cardos alastram,ou os arrancamos pela raiz ou mudamos de vida.
    Serão os actos eleitorais suficientes para eliminar os cardos?

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