sábado, 29 de agosto de 2009

EXERCÍCIO X - CONCLUSÕES (PROVISÓRIAS) SOBRE O ESTUDO DOS PROGRAMAS ELEITORAIS DOS PARTIDOS, SENTIDO DO MEU VOTO E APOSTAS...

O que fui lendo nos Programas dos Partidos e nos textos que me têm enviado permite-me aproximar das seguintes conclusões:
1 – No Programa do PS não se reconhecem os erros cometidos na Política Educativa dos últimos 4 anos, em particular:
- A falta de capacidade de comunicação e argumentação da Equipa Governativa (tanto no interior do Partido Socialista como com as Organizações representativas dos Professores) relativamente à definição e aplicação das grandes alterações que quiseram implementar, em particular, no que respeita à Avaliação dos Professores e ao modelo de Gestão das Escolas Básicas e Secundárias;
- A aplicação autoritária dos modelos elaborados por adjuntos e assessores da Ministra da Educação (alguns são os mesmos desde 1998!) que nem com as mega-manifestações de professores reconheceu que era necessário alterar a forma como estava a funcionar;
- A “simplexificação” ad-hoc dos modelos adoptados que representou o “salve-se quem puder” ou o “cada um que se desenrasque!” em cada escola, em cada professor, em cada região (basta ver o que se passou na Madeira e nos Açores), etc.
- A imposição das políticas apenas com base na maioria absoluta de que o PS circunstancialmente dispôs na Assembleia e mesmo assim à custa das ambiguidades do PSD e do CDS-PP (as votações dos diplomas sobre a avaliação dos professores foram um bom sinal da divisão tanto do PS como do PSD (e do CDS, claro).
Estes erros são, a meu ver, o principal factor da derrota (relativa ou absoluta) do PS-Sócrates nas eleições de 27 de Setembro de 2009.
2 – No Programa do Bloco de Esquerda constato que os Princípios para a Política Educativa da Gestão das Escolas, do Estatuto da Carreira Docente e da Avaliação dos professores, correspondem ao que foi feito pelo PS-Guterres.
Ora o PS-Guterres errou pela falta de responsabilização dos vários agentes educativos (lembro-me ainda do debate gerado pela proposta de Ana Benavente sobre a disciplina nas escolas) e é necessário alterar os modelos então apresentados. Além disso, se o BE concorda com o que foi feito pelo PS-Guterres, deveria desafiar o PS-Sócrates, ou melhor, o PS, a adoptar Princípios que pudessem ser defendidos pelos Partidos ou pelos Cidadãos de Centro-Esquerda onde se situam grande parte dos militantes e eleitores do PS, alguns militantes e muitos eleitores do BE e até muitos eleitores da CDU.
3 – O Programa da CDU limita-se a enunciar os princípios gerais que tem defendido mas nunca pormenorizado. No fundo a CDU defende o que está em vigor porque o sentido da evolução das sociedades é contrário à estatização e favorável à liberalização. Por isso o Programa da CDU tem sido sempre conservador. Neste caso defende, como o Bloco, as Políticas defendidas pelo PS-Guterres (embora não se refira explicitamente a Guterres como faz o BE). Além disso identifica o PS com o PSD e o CDS-PP, isto é, todos estes partidos são “a direita”. E a “verdadeira esquerda” é, para a CDU, só a CDU. Toma portanto uma atitude conservadora e isolada. Assim não vai a lado nenhum! Se tiver mais votos do que nas eleições de 2005 é devido ao anti-voto no PS! Seria bom que a CDU desafiasse o PS (pelo menos a “parte esquerda” do PS) e a parte “direita” ou “esquerda” do Bloco a defender políticas concretas em domínios decisivos para a vida de um país como são a Educação, a Justiça, a Solidariedade e a Saúde. Mas para isso tem que responder, passe a imodéstia, às questões que foram sendo apresentadas em alguns “exercícios” aqui apresentados.
4 - Os Programas do PSD e do CDS não apresentam nada de substancial e decisivo. Limitam-se a enunciar princípios básicos (democracia, rigor, transparência, etc.) mas não se encontra lá nenhuma ideia que distinga as suas propostas de qualquer proposta do PS nem de qualquer política do PS-Sócrates ao longo destes anos. Votar no PSD ou no CDS é um cheque em branco completo e total. Além disso já lá estiveram muitos anos e viu-se o que fizeram!
O SENTIDO DO MEU VOTO E AS MINHAS APOSTAS NOS RESULTADOS ELEITORAIS DE 27 DE SETEMBRO DE 2009:
Pelo que disse atrás e ao longo dos “exercícios” publicados neste blogue, o sentido de voto mais provável de um militante ou de um anterior eleitor do PS (que tenham tomado uma posição crítica em relação à forma como o PS-Sócrates governou) será, mas eleições de 27 de Setembro de 2009, o voto em branco. Alguns destes eleitores (como é o meu caso) só votarão no BE ou na CDU se algum destes partidos for mais preciso nas suas propostas relativas à Educação e desafiar o PS a aceitar essas propostas.
Alguém me dá sugestões para alterar o sentido provável do meu voto?
E NESTE MOMENTO A MINHA APOSTA PARA OS RESULTADOS ELEITORAIS É:
PS – 32,5 % votos;
PSD – 31,7 %;
BE – 9,4 %;
CDU – 8,9 %;
CDS-PP – 7,3 %.


Quem dá mais?


NOTA: a fórmula do cálculo para o vencedor das apostas é, segundo a tradição, o valor mais baixo da soma dos quadrados das diferenças entre os valores das apostas (arredondados às décimas) em cada um dos cinco partidos e os correpondentes resultados finais na noite de 27 de Setembro de 2009. Não é assim, Neves? Todos os que queiram apostar deverão indicar valores para os cinco partidos. Só é tomada em conta a aposta entregue no próprio dia neste blogue até às 18h ou por mão própria no local a designar...

1 comentário:

  1. Manuel Beirão, apreciei bastante a tua coragem de divulgar a tua opção de voto para as próximas legislativas, mas não gostei nada da opção e, por isso, faço uma tentativa de alterar o sentido do teu voto socorrendo-me de argumentos, regras empíricas e uma pequena história; suponho que não vais gostar e há outras pessoas que escrevem no teu blogue que também não vão gostar.

    TRÊS REGRAS: 1. Politicamente falando o que há de pior é não votar. (Significa não perceber nem apreciar o que é viver numa sociedade democrática.) 2. Ainda muito mau é votar nulo ou branco. (Significa apenas descontentamento e rigorosamente mais nada.) Eu prefiro votar na Laurindinha, que não suporto, do que em branco, porque dessa forma estou a dizer que estou descontente com os partidos e com as ideias que vigoram há anos e que sou partidário de uma mudança. 3. Como um horror a que não nos devemos condicionar é considerado o voto útil, por ti e por vários colaboradores do teu blogue. (Eu, pelo contrário, considero o voto útil como o refinamento da inteligência prática de gente que sabe a diferença entre o que significa ganhar e perder e percebe que não podemos ter a soberba de ganhar nos rigorosos termos que correspondem à nossa limitada e emotiva formação teórica.) Acresce que muita da gente purista está (enganosamente) de papo cheio, isto é, julgam que, APESAR DE TUDO, a vitória do PS vai acontecer e, por isso, podem divagar e fazer-se esquisitos. Nota: Apesar de tudo significa o bom senso do Zé Povinho que eles não têm... FIM REGRAS.

    UMA HISTÓRIA: recentemente o jornal EL País, idolatrando o U. Bolt pelo record mundial dos 100 metros chamava a atenção para o papel decisivo que o segundo classificado, Powell, desempenhou para que Bolt se transformasse numa lenda ao obrigá-lo, com a sua presença, a correr dando tudo o que tinha de melhor dentro de si até ao final da corrida. FIM DE HISTÓRIA.

    CONCLUSÃO: Como se resolve o dilema duma pessoa genuinamente socialista(PS) ? Por ordem de preferência: 1. Vota PS (voto genuíno, útil, que impede a Besta de ganhar) 2. Vota BE ou PCP (nunca ganharão e podem fazer o papel de Powell até ao fim) 3. Vota Laurinda ou noutro partido que seja novo e não seja neo-nazi. 4. Vota nulo escrevendo um desabafo. 5. Vota branco e, se fores coerente contigo mesmo, nunca mais na vida poderás votar diferente de branco porque a história se repete. FIM DE CONCLUSÃO.

    NOTA FINAL: Manuel, não me obrigues a votar por ti.

    António Neves.

    ResponderEliminar