domingo, 23 de agosto de 2009

EXERCÍCIO VII - RAZÃO E EMOÇÃO NO ACTO DE VOTAR - DÚVIDAS E POESIA (com a autorização explícita mas indirecta da autora, Marta)

Olá meus caros

Ao longo da minha vida votei por amor incondicional (fervorosa crença), por emoção (paixão súbita), racionalmente (por entender que aquela jogada me afastava de um maior prejuízo ou porque era preciso apostar numa força nova) mas nunca consegui que os meus votos tivessem o sentido “electro-domesticado” do voto útil.
Por isso mesmo, abstive-me pela primeira vez em 1986, na segunda volta das presidenciais, em que nos pratos da balança estavam o Freitas do Amaral e o Mário Soares. Espanha pareceu-me um destino esplêndido para me afastar da estranha sensação de que me era mais fácil votar no Freitas do que engolir o trampolineiro do Soares.
Mais de 20 anos volvidos sabemos hoje que o Mário Soares foi “agente da CIA” [as aspas não são da autora; desculpa, Marta!], coisa que nunca se disse sobre o Freitas do Amaral, cujo percurso político se enviesou para uma área de tolerância que certamente não teria atingido (se é que o teria querido) se tivesse sido eleito naquele período, ainda tão extremado e maniqueísta.
Posso orgulhar-me de nunca ter votado Soares, nem quando foi reeleito em 1990, em que reincidi na abstenção, nem neste recente estertor, em pleno século XXI, em que a minha escolha pelo Manuel Alegre, foi racional e lúcida.
Há qualquer coisa em movimento nesta sociedade: iniciou-se com o apoio crescente ao Bloco de Esquerda, passou pelo voto massivo no Manuel Alegre e na eleição da Helena Roseta (para a Câmara de Lisboa). Quanto tempo precisará para se sedimentar? Conseguirá sedimentar-se? São as dúvidas que tenho.
Mas, a minha certeza é que se continuarmos a olhar o dedo (o curto/médio prazo polarizado entre PS e PSD) nunca veremos a Lua.


"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo".

(Sophia, é claro)


Marta, 18 de Agosto de 2009

NOTA: Agradeço à Marta a entrada no debate. A chegada de comentários e reflexões várias obriga à actualização cada vez mais rápida da leitura destes "cadernos políticos". Amanhã há mais!
M.B.

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