domingo, 28 de junho de 2009



26, 27 E 28 JUN
7ª FESTA DO JAZZ DO SÃO LUIZ
A FESTA DO JAZZ PORTUGUÊS

Sala Principal Jardim de Inverno Teatro-Estúdio Mário Viegas Spot São Luiz
Sexta das 21h00 às 2h00 Sábado das 14h00 às 2h00 Domingo das 12h00 às 2h00 M/3

28 JUN
14H00 -
ESCOLA DAS ARTES DE SINES(COMBO JÚNIOR)
Ema Ribeiro ClarineteDiogo Conceição FagoteMartim Simões Sax altoAlexandra Pereira ViolonceloCarla Loução GuitarraIsa Ingrez PianoTiago Guerreiro Baixo Zé Barradas Bateria / PercussãoManuel Dias Bateria / PercussãoProfessores Vasco Agostinho / Paulo Perfeito
Debbie de Fátima Martins Voz Alexandre Adelino Henriques José Trompete / VozDuarte Machado Sobral Leal ClarineteCristiana da Silva Cardoso AcordeãoElisa Galvão PianoFernando Manuel dos Santos Salema ContrabaixoDavid Lopes de Oliveira Bateria Professor Zé Eduardo
14H45
JAZZ CLASS DÁMSOM - SETÚBAL
Alexandra Boga VozVictor Boga GuitarraNuno Gralheira PianoLuís Grácio Baixo Filipe Oliveira BateriaProfessor David Fournier
CANCELADO - 15H30
RIFF- ESCOLA DE MÚSICA DE AVEIRO
António Luís PianoEduardo Mourão GuitarraAndré Barbosa BaixoAndré Portugal BateriaProfessor Carl Minnemann
16H15
ESCOLA JBJAZZ - LISBOA
João Manso Voz Filipe Durães TrompeteJoão Barradas AcordeãoJoão Roque GuitarraAntónio Fontes PianoLuís Pinto Baixo João Pinheiro BateriaProfessor Pedro Madaleno
17H00
UÉ - UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Afonso Romagna Sax altoJoaquin de la Montaña Sax tenorNarciso González Sax tenorHugo Trindade GuitarraPedro Calero PianoPablo Delgado Baixo Javier del Barco BateriaProfessor Mário Delgado
17H45
ESML - ESCOLA SUPERIOR DE MÚSICA DE LISBOA
Daniel Vieira (Sax alto)
Luís Cunha (Trombone)
Sérgio Rodrigues (Piano)
André Santos (Guitarra)
António Quintino (Contrabaixo)
Alexandre Alves (Bateria)
Professor Pedro Moreira
18H30
ESMAE - ESC. SUP. DE MÚSICA E DAS ARTES DO ESPECTÁCULO – PORTO
Fernando Bouzón SaxofoneBruno Macedo da Silva GuitarraIsmael Pereira da Silva VibrafoneJuan Buenafuente Piano João Cação ContrabaixoJoão Martins BateriaProfessor Michael Lauren
JÚRI DE AVALIAÇÃO DOS COMBOS
Tomás Pimentel, Rui Neves, Jerónimo Belo

RECITAL DE FIM DE ANO LECTIVO 2008/09

No dia 3 de Julho, as classes de piano dos professores Fausto Nobre e Sara Costa irão apresentar-se na Casa Fernando Pessoa, num recital de final de ano. Os alunos, de vários níveis de aprendizagem, tocarão peças de Charles Hervé e Jacqueline Pouillard, Michael Aaron, Carl Czerny, J. S. Bach, Barbara Kirby-Mason, Ludwig van Beethoven, Clementi, Tiago Videira, John Kember, J. Brahms e G. Fauré. O programa tem início às 18h30.

sábado, 27 de junho de 2009

O ACTUAL MODELO DE GESTÃO DAS ESCOLAS BÁSICAS E SECUNDÁRIAS

Tenho dito que o facto de a escolha do Director ser da competência de um órgão constituído no máximo por 21 membros da comunidade escolar (7 ou 8 professores, 2 ou 3 funcionários, 4 encarregados de educação, 3 membros da comunidade, 2 ou 3 alunos e 3 membros da autarquia) traz dificuldades significativas. Identifico, pelo menos, três: por um lado o peso do voto de cada um é muito grande e, portanto, alguns membros podem sentir-se pouco à vontade na tomada de decisão; por outro lado fica-se sem saber se os documentos discutidos devem ser ou não tornados públicos (aumentando assim o sentimento de confidencialidade dificilmente compatível com a convivência democrática) e finalmente o sistema híbrido de “procedimento concursal”/”eleição” faz com que algumas escolas tenham optado pela atribuição de pontos aos vários elementos da candidatura contrariando, em nosso entender, o impedimento de “seriação” dos candidatos previsto na lei. Pelo que tenho ouvido dizer, já chegaram ao Ministério várias reclamações e outras não chegam porque alguns professores dizem que “querem evitar conflitos a todo o custo”. Penso que é melhor reclamar do que ficarmos calados quando achamos que alguma coisa não está bem; o problema é que por vezes o que está mal não é tanto da responsabilidade dos órgãos escolares mas das próprias das leis e da forma como o Ministério pretende aplicá-las. Espero que o Ministério faça um balanço destas situações e as dê a conhecer para ver se aprendemos todos, mais alguma coisa.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Paula Rego, The Mosquito's House, 1984, Acrílico sobre tela, 245 x 179 cm


OITO DIAS DEPOIS... ARTE E MATEMÁTICA!


Creio que foi Fernando Pessoa que escreveu:

"O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é poucas pessoas para dar por isso!".

Para saber o que é o "binómio de Newton" ou a "Vénus de Milo" basta consultar a Grande Biblioteca, a Internet.
Se algum destes "objectos" é belo ou não, é uma questão de observar, conhecer, reflectir um pouco e concluir. Leva algum tempo: digamos, trinta minutos para cada um. Se no fim são muitas ou poucas pessoas a "dar por isso" é uma estatística que também se pode fazer.

Enquanto não houver tempo para "contemplar" estes objectos deixo aqui um da Paula Rego e a informação da Culturgest. A arte e a matemática, como tudo o resto, podem começar por qualquer lado; depois é uma questão de tempo e de imaginação!

INFORMAÇÃO:
Inauguração: Dia 4 de Julho de 2009, pelas 18h00 · Entrada Livre - Exposição · De 4 de Julho a 22 de Agosto de 2009 · Mosteiro de S. martinho de Tibães.
De Malangatana a Pedro Cabrita Reis.

A Culturgest convidou o curador Jürgen Bock para este projecto itinerante, tendo em consideração a sua experiência, interesses e conceitos expositivos. Jürgen Bock entende esta tarefa, incorporando no seu trabalho o modo de apresentação das obras e da sua colocação nas arquitecturas que as acolhem.

terça-feira, 16 de junho de 2009

RESPOSTA AO COMENTÁRIO DE 12 DE JUNHO E ÀS “NOTAS POLÍTICAS” DE A. Brotas

O que é um “ano decisivo”? Suponhamos a definição seguinte: é um ano em que ocorrem acontecimentos que alteram significativamente a vida de alguém ou de uma sociedade. A “habitual alternância” não é um acontecimento decisivo? Não foi decisiva a alternância quando Durão Barroso substituiu António Guterres? E quando Sócrates chegou ao poder em 2005 e substituiu Pedro Santana Lopes não foi decisivo? Houve algum Governo que, desde 1980, tenha feito alterações mais significativas do que o actual? E essas alterações foram todas completamente más?
Suponhamos que Sócrates tem a maioria relativa. Ele só poderá governar em coligação ou como queiram chamar… Portanto, ele terá que dizer em que condições e com que partidos estará disposto a estabelecer acordos (como o PSD já disse, afirmando que o seu aliado natural é o CDS/PP). Mas os pequenos partidos também têm de dizer o que pensam fazer se um Partido do “centro-esquerda” propuser um conjunto de medidas concretas de governação que se aproximem dos seus programas.
Se o PS obtiver a maioria absoluta a alteração significativa não pertence a Sócrates mas aos que, no interior do partido ou fora dele, se opuseram à sua política. Neste caso, não me parece haver outra alternativa para os críticos senão a saída do partido. E isto não é decisivo? Ou é admissível que continuemos “a passar cheques em branco” seja a que partido for como aconteceu, em certa medida, com o PS-Sócrates?
Diz A. Brotas que “o verdadeiro problema é o de saber o que fará o segundo partido mais votado”. Dos partidos de “direita” já se sabe que haverá repetição da coligação PSD/CDS caso obtenham a maioria absoluta. Portanto, a única questão para “o centro esquerda” é saber se o PS-Sócrates está disposto a coligar-se, com quem e em que condições.
E pergunto a A. Brotas e a quem queira responder: Sócrates deveria dizer isso ou não antes das eleições? Mas dizer isso não seria já um sinal de fraqueza?
Eu penso que, para já, o importante seria Sócrates aproveitar estes três meses para fazer uma auto-crítica: Sócrates errou em aspectos significativos da política nacional, em particular, na educação e, em minha opinião, isso vai custar-lhe a maioria absoluta. A imposição de alterações significativas (radicais) nas escolas contra qualquer bom senso fez alastrar a imagem de autoritarismo e arrogância que também apareceram noutras áreas (basta lembrar o episódio patético do “jamais!”). Sócrates não soube aproveitar a maioria absoluta (circunstancial, como todas as maiorias absolutas) para promover a participação dos cidadãos na vida pública. E não é com operações mediáticas tipo “Novas Fronteiras” que Sócrates vai conseguir fazer esquecer a sua manifesta falta de bom senso em certos domínios.
Seja como for, a política não se reduz à “praça maior” da Assembleia e do Governo; também passa pelos espaços da vida quotidiana dos locais de trabalho, das escolas, das ruas e das cidades. E é nestes espaços que se pode começar por ficar com uma ideia menos negativa da política.
Com as eleições europeias este ano já começou a ser “decisivo”; confesso a minha grande expectativa em relação às eleições legislativas! E vou apostar outra vez!

domingo, 14 de junho de 2009

NOTAS POLÍTICAS, por ANTÓNIO BROTAS (e-mail, 14 de Junho)

Os analistas políticos têm-se interrogado sobre o que fará o partido mais votado nas eleições legislativas, certamente o PSD ou o PS, no caso de não ter maioria absoluta.

O verdadeiro problema é, no entanto, o de saber o que fará o segundo partido mais votado.

Se o PSD tiver maioria, embora não absoluta, nem a conseguir com o CDS, o Senhor Presidente da República convidará, certamente, a Doutora Manuela Ferreira Leite a formar governo, a menos que o PS lhe diga, previamente, que chegou a um acordo com o Bloco de Esquerda, ou com o PC, ou com ambos, para formar um governo estável.

Se o não conseguir, por vontade própria, ou por este acordo não ser possivel, o que vai fazer o PS quando da apresentação na Assembleia do programa de governo do PSD? Vai abster-se, viabilizando assim este governo, ou vai votar contra, com o que, se o BE e o PC fizerem o mesmo, este governo continuará em gestão por tempo indeterminado até ser formado outro?

Se for o PS a ter maioria simples, o que vai fazer o PSD se, como é provavel, for apresentado na Assembleia um governo minoritário PS? Vai abster-se, viabilizando este governo? Ou vai votar contra, com o que ele continuará em gestão se todos os outros partidos fizerem o mesmo?

Registe-se que, quando estes problemas se puserem, todos os partidos estarão empenhados numa fortíssima luta nas eleições autárquicas.

É inteiramente normal que o PS e o PSD se esforcem por ter uma maioria, embora simples, na Assembleia, e sabemos o que farão se a tiverem. Não sabemos é o que farão se farão se a não tiverem.

António Brotas

sábado, 13 de junho de 2009

COMENTÁRIO ÀS ELEIÇÕES DE 2009...

Anónimo disse...

2009/2010, um ano decisivo? Uhmmmmm, não me parece! Se o PS perder nas legislativas terá que haver outro secretário-geral, parece pacífico, estranho mesmo é que consiga chegar até lá. Mas, e depois, que há nisto de decisivo a não ser a habitual alternância? Se o PS “ganhar” sem maioria absoluta, Sócrates terá que dizer o que muda na sua política, o que não lhe trará grandes dificuldades, a experiência do dizer é grande ... mas quanto a entender-se com outro(s) partido(os), será preciso que esses outros estejam na disposição de se entender com ele. Admitindo a sua última hipótese: o PS, com o seu actual líder, obtém maioria absoluta nas legislativas. Que legitimidade acrescida terão nessa altura os militantes do partido socialista para se posicionarem de modo diferente no interior do partido?
12 de Junho de 2009 23:49

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A PROPÓSITO DAS ELEIÇÕES EUROPEIAS DE 7 DE JUNHO DE 2009 (ONTEM...!) E DAS OUTRAS QUE AÍ VÊM!

Prometi que voltava hoje para dizer uma palavra sobre as eleições de ontem. Como devem saber, o Partido Social Democrata obteve cerca de 31,6% dos votos; o Partido Socialista - 26,6% dos votos; o Bloco de Esquerda -10,7% dos votos; O Partido Comunista - 10,6% e o CDS - 8,4%. As abstenções rondaram os 63%.
COMENTÁRIO: o PS desceu mais do que eu estava à espera; o PSD subiu um pouco mais do que eu estava à espera; o Bloco passou a barreira dos 10%; os resultados dos outros partidos e a percentagem de abstenções foram os valores esperados. José Sócrates é o principal derrotado; o Bloco de Esquerda é o principal beneficiado (não digo vencedor!). O facto principal destas eleições é, portanto, a derrota de Sócrates e dos que pensam que a política se faz com o aproveitamento de maiorias absolutas circunstanciais e de espectáculos mediáticos!
Este é um ANO DECISIVO, escrevi na NOTA DE ABERTURA deste blog, há algumas semanas. Do ponto de vista político já estamos a ver porquê. Talvez por isso, voltámos a juntar um grupo de amigos ao fim da tarde (em vez de ser ao serão como antigamente...) para confraternizar e fazer apostas sobre os resultados. A política também se faz com estes encontros, sobretudo se os partidos a que estamos ligados não nos convencem com a sua prática ao longo de vários anos; aliás, sem estes encontros domésticos, a política fica reduzida aos comícios ruidosos e tantas vezes demagógicos que já não convencem a maioria dos cidadãos.
As próximas eleições serão as legislativas. Se o Partido Socialista obtiver uma votação inferior à do PSD, terá que encontrar outro Secretário Geral; se o Partido Socialista obtiver uma votação superior à do PSD mas não obtiver a maioria absoluta, José Sócrates terá que dizer o que vai mudar no seu tipo de governação e com que partido ou partidos está disposto a entender-se; se o Partido Socialista obtiver a maioria absoluta, a vitória é de José Sócrates e são muitos os militantes socialistas que terão que se posicionar no interior do partido.
ESTE É UM ANO DECISIVO!

domingo, 7 de junho de 2009


ARMÉNIO VIEIRA - PRÉMIO PESSOA - 2009

Arménio Vieira nasceu na cidade da Praia, Cabo Verde, em 1941. Tem tido uma actividade profissional múltipla. Como poeta e ficcionista, tem colaboração dispersa em várias publicações (Mákua, Alerta, Cabo Verde, Imbondeiro, Vértice, Ariope, Raízes, entre outras) e está incluído em diversas colectâneas. A primeira edição do seu livro Poemas é de 1981 e a novela O Eleito do Sol sai em 1989. No Inferno, romance publicado pela Editorial Caminho, foi editado em 1999 em Cabo Verde pelo Centro Cultural Português, Praia - Mindelo.

LISBOA - 1971

A Ovídio Martins e Osvaldo Osório

Em verdade Lisboa não estava ali para nos saudar.
Eis-nos enfim transidos e quase perdidos
no meio de guardas e aviões da Portela.

Em verdade éramos o gado mais pobre
d'África trazido àquele lugar
e como folhas varridas pela vassoura do vento
nossos paramentos de presunção e de casta.

E quando mais tarde surpreendemos o espanto
da mulher que vendia maçãs e queria saber donde... ao que vínhamos
descobrimos o logro a circular no coração do Império.

Porém o desencanto, que desce ao peito
e trepa a montanha,
necessita da levedura que o tempo fornece.

E num caminhão, por entre caixotes e resquícios da véspera,
fomos seguindo nosso destino
naquela manhã friorenta e molhada por chuviscos d'inverno.

Arménio Vieira.

A Casa Fernando Pessoa inaugurou ontem, na sua biblioteca, uma exposição de manuscritos inéditos e livros do poeta cabo-verdiano Arménio Vieira, galardoado com o Prémio Camões 2009. Este poeta está editado na antologia Poetas de Língua Portuguesa (com o poema “Retrato de Poeta”, em homenagem a Fernando Pessoa), publicada pela Casa Fernando Pessoa em 1997.

sábado, 6 de junho de 2009

A PROPÓSITO DAS ELEIÇÕES EUROPEIAS DE 7 DE JUNHO DE 2009 (AMANHÃ...!) E DAS OUTRAS QUE AÍ VÊM!



Acabei de ouvir, no Rádio Clube, o Professor Daniel Sampaio dizer que "os jovens são muitas vezes utilizados nas campanhas pelos partidos mas não são solicitados a ter qualquer envolvimento ou participação política na sua vida diária, nomedamente nas escolas". Não posso estar mais de acordo com Daniel Sampaio!

Com efeito, pergunto:

- Quantas escolas estimulam os alunos, através dos respectivos Regulamentos Internos ou através das suas práticas de comunicação, a organizar reuniões de esclarecimento quando têm lugar eleições para os Órgãos da escola, para as Associações de Estudantes, etc.?

- Quantas escolas promovem reuniões dos alunos com professores, funcionários, encarregados de educação e outros membros da comunidade para debater os problemas da escola ou os problemas de política educativa?

- Em que disciplinas se fala de questões políticas concretas? Por exemplo: quantos deputados tem o Parlamento Europeu? Quantos deputados portugueses fazem parte do Parlamento Europeu? Quais os cabeças de lista de cada partido? O que têm feito os deputados portugueses no Parlamento Europeu?

O Sr. Presidente da República disse no discurso do "25 de Abril de 2009" que o direito ao voto era a grande vitória da mudança do regime. Como escrevi neste blog não posso concordar com esta afirmação do Sr. Presidente. A mudança que se iniciou em 1974 não se centra no direito ou dever de votar; a mudança está na possibilidade de comunicar e agir colectivamente e isso exige trabalho, disponibilidade para estudar, para reflectir, para ouvir e não ter medo de dizer o que se pensa. O acto de votar é apenas a forma de contabilizar as convicções dos cidadãos. Sem aquelas práticas a política fica reduzida à demagogia, a palavras vãs, a atitudes incongruentes ou interesseiras, a "sociedades do espectáculo"!

Durante as campanhas eleitorais todos os políticos, todos os ministros estão disponíveis para falar, para ouvir toda a gente! Como se fosse possível fazer isso num período de 2 ou 3 semanas! Há 4 anos desafiámos uma Srª Ministra a debater os problemas da educação com professores e outras pessoas envolvidas directamente nesta área. A resposta foi que NÃO ERA NECESSÁRIO! Depois das mega-manifestações "foi obrigada a ir a reuniões para se falar de educação". Mas agora, na campanha eleitoral, a Srª Ministra entendeu que devia deslocar-se a vários locais para "falar sobre educação".

É esta concepção de política que tem que mudar! A política está ligada à vida quotidiana ou, pelo menos, aos documentos legais que decidem as formas de organização das instituições (escolas, hospitais, empresas, etc.) e às práticas concretas das instituições. Se os cidadãos não são chamados a dar uma palavra quando se definem essas leis ou não são estimulados a intervir nos seus locais de trabalho ou de convivência, como é que se pode ter confiança nos que o fazem tantas vezes contra o que disseram que iriam fazer durante as campanhas eleitorais?

Quanto às europeias, as razões do alheamento dos cidadãos (e não apenas dos jovens) são mais que óbvias. Basta ler as próprias respostas dos cabeças de lista a algumas perguntas dos jornalistas. Pergunta o jornalista: "Quanto ganha um deputado europeu?". Três ou quatro respostas no Diário de Notícias há cerca de 2 semanas: Um diz: "Não sei; mas vou ganhar menos do que ganho cá em Portugal"; outro diz. "Cerca de 5000 euros"; outro diz: "O mesmo que ganha um deputado em Portugal"; outro diz: "1800 euros mais ajudas de custo". Estas respostas convencem alguém? Ou acham que o que vão ganhar não é importante para os cidadãos saberem avaliar o que andam "por lá a fazer"? Outra questão: "Se for eleito vai dar emprego, como assessor, a algum familiar?". Eis algumas respostas dadas: "Não pensei ainda nisso; mas, à partida, não vejo razões para não o fazer"; outro diz: "Nunca faria tal coisa!"; outro ainda: "Sinceramente penso que não seria correcto fazê-lo". Confesso que não sei muito bem a utilidade e a funcionalidade de um parlamento com cerca de 740 pessoas e ainda menos compreendo que esse parlamento tenha que ser o resultado de eleições directas. Mas aceito que, se os políticos dos vários países pensam que essa é a melhor forma de organizar a Europa, eu devo participar com essas regras neste jogo.

Uma conclusão me parece natural: as eleições europeias são a primeira oportunidade do cidadão manifestar o que pensa sobre a política actual em Portugal. Como algumas pessoas dizem: estas eleições são "a primeira volta" das legislativas. Mas também é natural que a abstenção seja muito grande (como, aliás, tem acontecido sempre e em todos os países). E a abstenção (ou "o voto em branco" como um escritor muito conhecido defendia há anos) também é significativa da atitude dos cidadãos perante a política. Até segunda feira!