terça-feira, 16 de junho de 2009

RESPOSTA AO COMENTÁRIO DE 12 DE JUNHO E ÀS “NOTAS POLÍTICAS” DE A. Brotas

O que é um “ano decisivo”? Suponhamos a definição seguinte: é um ano em que ocorrem acontecimentos que alteram significativamente a vida de alguém ou de uma sociedade. A “habitual alternância” não é um acontecimento decisivo? Não foi decisiva a alternância quando Durão Barroso substituiu António Guterres? E quando Sócrates chegou ao poder em 2005 e substituiu Pedro Santana Lopes não foi decisivo? Houve algum Governo que, desde 1980, tenha feito alterações mais significativas do que o actual? E essas alterações foram todas completamente más?
Suponhamos que Sócrates tem a maioria relativa. Ele só poderá governar em coligação ou como queiram chamar… Portanto, ele terá que dizer em que condições e com que partidos estará disposto a estabelecer acordos (como o PSD já disse, afirmando que o seu aliado natural é o CDS/PP). Mas os pequenos partidos também têm de dizer o que pensam fazer se um Partido do “centro-esquerda” propuser um conjunto de medidas concretas de governação que se aproximem dos seus programas.
Se o PS obtiver a maioria absoluta a alteração significativa não pertence a Sócrates mas aos que, no interior do partido ou fora dele, se opuseram à sua política. Neste caso, não me parece haver outra alternativa para os críticos senão a saída do partido. E isto não é decisivo? Ou é admissível que continuemos “a passar cheques em branco” seja a que partido for como aconteceu, em certa medida, com o PS-Sócrates?
Diz A. Brotas que “o verdadeiro problema é o de saber o que fará o segundo partido mais votado”. Dos partidos de “direita” já se sabe que haverá repetição da coligação PSD/CDS caso obtenham a maioria absoluta. Portanto, a única questão para “o centro esquerda” é saber se o PS-Sócrates está disposto a coligar-se, com quem e em que condições.
E pergunto a A. Brotas e a quem queira responder: Sócrates deveria dizer isso ou não antes das eleições? Mas dizer isso não seria já um sinal de fraqueza?
Eu penso que, para já, o importante seria Sócrates aproveitar estes três meses para fazer uma auto-crítica: Sócrates errou em aspectos significativos da política nacional, em particular, na educação e, em minha opinião, isso vai custar-lhe a maioria absoluta. A imposição de alterações significativas (radicais) nas escolas contra qualquer bom senso fez alastrar a imagem de autoritarismo e arrogância que também apareceram noutras áreas (basta lembrar o episódio patético do “jamais!”). Sócrates não soube aproveitar a maioria absoluta (circunstancial, como todas as maiorias absolutas) para promover a participação dos cidadãos na vida pública. E não é com operações mediáticas tipo “Novas Fronteiras” que Sócrates vai conseguir fazer esquecer a sua manifesta falta de bom senso em certos domínios.
Seja como for, a política não se reduz à “praça maior” da Assembleia e do Governo; também passa pelos espaços da vida quotidiana dos locais de trabalho, das escolas, das ruas e das cidades. E é nestes espaços que se pode começar por ficar com uma ideia menos negativa da política.
Com as eleições europeias este ano já começou a ser “decisivo”; confesso a minha grande expectativa em relação às eleições legislativas! E vou apostar outra vez!

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