domingo, 8 de novembro de 2009

Livros de hoje e de amanhã… nas palavras de Lídia Jorge…

Talvez um dia exista “uma nova Humanidade cujo texto fundador comece por No final era o verbo, e ninguém precise de reconhecer o decalque. Por que razão não podemos pensar assim? Mas eu não posso mentir – Não imagino alguém que eu ame envolvido neste cenário. Não encontro aconchego nesse mundo, por fraqueza de imaginação, ou simples falta de inteligência. Fiz o meu contrato sentimental com os livros que se parecem com as árvores, aqueles que são da sua matéria. Leio cada um desses livros à vez, e cada folha é lida uma após outra, todas essas árvores carregadas de palavras revestem-me as paredes da sala, uma delas começa assim, «Vem, Noite antiquíssima e idêntica, /Noite Rainha nascida destronada…», eu ouço uma voz sem tempo falar muito próximo, e tudo faz um sentido brutal.

(Contrato Sentimental, pág. 110)

Sem comentários:

Enviar um comentário