segunda-feira, 5 de outubro de 2009

CARUMA disse...
De acordo. Os cidadãos devem participar, mas espero que o façam construtivamente. Bem sei que as queimadas têm o objectivo de regenerar o pasto, mas se feitas fora de tempo acabam por desertificar o terreno.
4 de Outubro de 2009 22:48

RESPOSTA DE M.B.:
Caro "carumeiro":
Tenho uma sensação de incómodo que não sei explicar completamente quando leio ou oiço frequentemente expressões do tipo "o cidadão devia participar...", "devia votar...", "devia intervir", etc. Penso que o incómodo deriva da utilização sistemática da palavra "dever". Provavelmente por influência de Kant ou talvez dos seus comentadores, tenho dificuldade em considerar positiva a noção de "dever". O dever tem uma carga de obrigatoriedade que para mim não é fácil de compatibilizar com a vida , isto é, com a alegria. Se digo "o cidadão deve fazer o que acha melhor, o que lhe dá mais alegria" já estou a utilizar a palavra noutro sentido e, portanto já não tem conotação negativa porque remete para a noção de prazer e para a vontade individual. Eu não digo "o cidadão devia participar na vida política" ; digo apenas: "participar na vida política para lá das votações dá-nos ocasião de sentir uma força maior para as nossas convicções e portanto permite encontrar alternativas aos políticos que vamos tendo". E, para utilizar a metáfora da "queimada", digo: "se a participação do cidadão não tem influência no meio é pouco provável que lhe traga alegria e aos outros algum benifício; por outras palavras, toda a participação comporta riscos...".
Saúde e bom trabalho.
M.B.

1 comentário:

  1. Olá! Gosto da ideia do diário ao lado dos posts. Continua!!!

    Sara

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