Lars von Trier foi, desde sempre, acusado por ter uma certa pretensão em martirizar as suas personagens femininas, principalmente através dos filmes “Breaking the Waves” (1996) e Dogville (2003). Contudo, é neste seu último filme, “Antichrist”, que esta questão do tratamento de género deverá ser levantada e analisada mais atentamente.
Recorrendo a referências explícitas ao livro do Génesis, Lars von Trier centra o seu filme em duas personagens, feminina e masculina, que, por se designarem de “She” e “He”, respectivamente, se universalizam pelo género. A maioria da acção decorre numa floresta, que von Trier quis apelidar de “Jardim do Éden”, onde a Humanidade, a Maternidade, o Sexo e a própria Natureza e os domínios do diabólico, profano e divino são postos em causa.
As perturbações emocionais das personagens oferecem uma atmosfera densa a todo o filme e o tratamento da imagem, da sua luminosidade e cores, desperta, por sua vez, uma sensação de estarmos perante um mundo fantástico, através do qual os corpos e sentimentos humanos ganham forma e proporções assombrosas.
É importante referir que, a dada altura, as imagens retratadas podem ser bastante provocadoras e agressivas, pois incluem explícitas demonstrações de mutilação ao corpo humano. Na Alemanha, por exemplo, parte do filme foi censurado para poder ser apresentado nas salas de cinema.
Camila Reis, 8/1/10
Nota: O filme Antichrist tem estreia marcada para o final de Janeiro de 2010.
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